"Penso, ás vezes, que nós, os humanos somos como marionetas ligadas a finíssimos fios de prata que baixam do céu, onde alguém os manipula para nos indicar como a maioria das coisas terrenas a que estamos apegados têm pouca importância. Sem sabermos como, quando menos esperamos, tiram-nos o que temos, mudam o cenário das nossas vidas e, julgando que possuímos a perícia duma bailarina, calçam-nos umas sapatilhas e fazem-nos dançar em pontas. Ao ver como estamos destreinados e incapacitados para enfrentar o inesperado, queixamo-nos: Oica, eu não me ajeito com esta dança. Outras vezes, e como se nos pusessem por uns momentos na corda bamba e nos dissessem: Vamos a isto? Só então nos damos conta que aprendemos muita coisa mas não a sermos acrobatas da vida. Ensinam-nos a ser estudantes, profissionais, intelectuais, políticos, democratas, sábios, praticantes do livre arbítrio, mas não nos ensinaram a morrer no fim de cada dia, que significa ir dormir pensando que no dia seguinte talvez não estamos vivos, e aceitar tudo isso com humildade de saber que não passamos de uma minúscula partícula num universo em contínuo movimento?"